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Após críticas, Tarcísio prepara mudanças na segurança em SP

Após críticas, Tarcísio prepara mudanças na segurança em SP

Após críticas, Tarcísio prepara mudanças na segurança em SP
Tarcísio mantém secretário apesar de denúncias de irregularidades — Foto: Celso Silva/Governo do Estado de SP

Alvo de críticas na condução da segurança em São Paulo, o governador do Estado, Tarcísio de Freitas (Republicanos), tem buscado ter mais controle da área. Tarcísio tende a manter o bolsonarista Guilherme Derrite (PL) no comando da Secretaria de Segurança para evitar um desgaste com a base de apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e diz que ele fica mesmo após denúncias de irregularidades. No entanto, o governador tem dialogado com o comando das polícias e especialistas para ter maior influência nas ações das tropas e intervir em políticas públicas.

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Na semana passada, Tarcísio conversou na quarta-feira com a professora Joana Monteiro, coordenadora do Centro de Ciência Aplicada à Segurança Pública da FGV, que dias antes fizera críticas ao governo, em evento com a presença de Tarcísio. Na quinta-feira, reuniu-se com 63 coronéis da PM, e já disse a interlocutores que pretende ouvir mais especialistas para elaborar ações do governo.

Na semana anterior à reunião, Tarcísio participou de um debate sobre segurança, com a participação de Joana Monteiro, do ministro Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública), do ex-ministro Raul Jungmann e do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal. Ouviu, principalmente de Joana, os problemas de banalizar o uso da força policial e da importância de o governo controlar a polícia. A professora afirmou, ainda, que o governo precisa ter clareza da mensagem que passa para as tropas - e que não pode dar um salvo-conduto.

Derrite ignora abusos e diz que polícia é “promotora” de direitos humanos — Foto: Mario Agra/Câmara dos Deputados

No evento, assim como havia feito dias antes, o governador defendeu o uso de câmeras nos uniformes policiais e disse que errou quando criticou o equipamento.

Tarcísio pretende fazer mudanças na segurança. Uma das ações estudadas é dar mais autonomia às corregedorias, tirando-as de dentro das polícias e deixando-as sob influência da secretaria.

A busca por mais controle, em uma espécie de intervenção, mostra um recuo à “carta branca” dada a Derrite no começo do governo. Em fevereiro, por exemplo, o governador, influenciado pelo secretário, mexeu em postos-chave da Polícia Militar, gerando mal-estar na instituição. Mais de 30 coroneis foram transferidos - grande parte era resistente aos métodos usados pela PM nas operações Verão e Escudo na Baixada Santista, em que foram mortas 56 pessoas, e defendia o uso das câmeras. Até mesmo o subcomandante José Alexander de Albuquerque Freixo, o número dois da corporação, foi tirado do posto.

Na mesma época, Tarcísio endossou o discurso “linha-dura” de Derrite e afirmou que não estava “nem aí” para as denúncias de irregularidades das ações da PM na Baixada Santista. Em março, disse: “Pode ir na ONU, na Liga da Justiça, no raio que o parta que eu não estou nem aí”.

Mas a crise na segurança piorou, desgastando a imagem do governador, com a divulgação recente de casos de abuso policial, como a da morte de uma criança de quatro anos, de um PM jogando um homem de uma ponte e de um policial à paisana alvejando um jovem negro nas costas com 11 tiros.

A segurança pública é a área em que o governo paulista recebe sua pior avaliação, segundo pesquisa Genial/Quaest deste mês. Apenas 27% acham o desempenho positivo, 36% consideram regular e para 37% é negativo. O resultado contrasta com a área de infraestrutura e mobilidade, em que a gestão registrou 45% de avaliação positiva, 37% de regular e 18% de negativa. As entrevistas para a pesquisa foram feitas entre 4 e 9 de dezembro, após, portanto, da divulgação de imagens com flagrantes de abuso policial. O instituto ouviu 1.650 pessoas com idade acima de 16 anos. O levantamento tem margem de erro de dois pontos percentuais.

Para tentar manter-se no cargo, o secretário Derrite busca apoio do bolsonarismo e dentro das polícias. Na sexta-feira (13), ele foi paraninfo de uma turma de 199 alunos-oficiais da Academia de Polícia Militar do Barro Branco e reclamou das críticas recebidas. Derrite afirmou que os policiais são os “verdadeiros promotores” dos direitos humanos e ignorou os casos de abusos.

“Estamos em um momento delicado”, disse o secretário aos novos policiais. “Infelizmente uma parcela pequena da sociedade e de algumas instituições se incomodam com o êxito do bem contra o mal e se esforçam para atrapalhar o combate ao crime”, afirmou. “Os integrantes das forças policiais são os únicos e verdadeiros promotores de direitos humanos, e cabe a nós, em posição de liderança, impedir que desvios de conduta venham a macular o bom trabalho e a imagem da nossa quase bicentenária Polícia Militar.”

Na formatura, o governador ficou ao lado de Derrite. Aos formandos, o governador afirmou que a PM é motivo de orgulho e recomendou atenção a valores como disciplina e profissionalismo. “Há procedimento para tudo. E a gente não pode se afastar dos procedimentos, não pode se afastar daquilo que é ensinado”, disse, defendendo em seguida o “tratamento duro, vigoroso com o crime”.

Deputados da oposição e vereadores da capital paulista vêm cobrando explicações e investigações, amplificando o desgaste político do governo na área.

Na Assembleia Legislativa, a bancada do PT pediu ao Ministério Público apuração sobre a suspeita de uso irregular do hangar e de um helicóptero da PM, para fins particulares, por Derrite. Reportagem da revista “piauí” afirmou que houve o uso de uma aeronave oficial, a mando do secretário, para socorrer a esposa de um amigo dele, em setembro.

Perguntada pelo Valor, a assessoria do governador não se manifestou a respeito.

Fonte do artigo:mega sena online